quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Debate: Crise da Sub-Prime e Bancos Centrais

A crise do sub-prime, proveniente dos Estados Unidos da América, é resultado de um risco desmesurado dos bancos na concessão de créditos de alto risco, para os mais diversos fins, nomeadamente, a compra de habitação, a famílias de alto risco, ou seja, com grande probabilidade de contraírem dívida. Como consequência, os bancos começaram a ter falta de liquidez, e entraram em crise.
O que motivou esta crise, foi o facto de os bancos concederem créditos para habitação, sem verificarem se as pessoas que o estavam a pedir, tinham capacidade financeira para o suportar. Um dos factores que originaram esta situação foi a decisão dos bancos exigirem uma taxa de esforço demasiado elevada. O que é a taxa de esforço? A taxa de esforço baseia-se no seguinte: o banco define uma percentagem/taxa, e no final de cada mês, retira essa percentagem do salário de quem pediu o crédito. O que se verificou foi que a taxa de esforço pedida foi demasiado elevada, e as pessoas ficaram sem dinheiro para pagar a sua dívida. Como consequência, os bancos entraram em ruptura, ficando sem dinheiro.
A grande questão é se os bancos centrais têm agido correctamente no que diz respeito a esta crise. Há economistas que discordam da posição dos bancos centrais, quando estes injectaram dinheiro no mercado, para auxiliar os bancos. Estes economistas consideram que esta injecção desculpa as más opções tomadas pelos bancos, enquanto que outros consideram que era a única solução para a economia não entrar em colapso.
Efectivamente, a curto prazo, os bancos centrais tomaram a decisão correcta. Evitam que a economia entre em colapso, afastando a sombra da grande depressão de 1929. A longo prazo, esta decisão acarreta diversos problemas, entre os quais, a desculpabilização das más opções tomadas pelos bancos. Como refere Charles Wyplosz, citando o Governador do Banco de Inglaterra, esta posição e acção dos Bancos Centrais surgem como uma “recompensa” para as instituições financeiras imprudentes, e espalham as sementes de uma próxima crise.

1 comentário:

VRCOSTA disse...

A crise da Sub-prime também já chegou a Portugal, com as empresas de crédito ao consumo, que compram dinheiro ao banco central a cerca de 4% e concedem empréstimos a 30%. Num país com uma taxa de endividamento elevada é aceitável o que o Banco Central está a fazer?